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sexta-feira, 6 de abril de 2012

CHOCOLATE

Os Maias, Olmecas e Astecas muito antes da colonização espanhola já tomavam em seus rituais e banquetes um tipo de suco de cacau, chamado por alguns deles de “tchocolath”. O cacau para esses povos tinha origem divina, sendo que os Maias chegavam a comemorar em abril o dia de seu Deus do cacau: Ek Chuah. A paixão pelo chocolate atravessa os séculos, hoje tudo o que seus apreciadores e fabricantes sonham é que a ciência bata um carimbo definitivo de que um delicioso pedaço de chocolate por dia é uma das melhores atitudes para reduzir nossos níveis de aterosclerose, a doença que mais mata no planeta e responsável pela maior parte dos casos de infarto do coração e derrame cerebral. E os ventos parecem estar soprando nesse sentido! Nos últimos anos, uma amostra de efeitos positivos do chocolate sobre nosso sistema cardiovascular e este parece estar chegando a um status de alimento inteligente comparável ao do vinho tinto.
Os efeitos mais nobres do chocolate estão substâncias fartamente encontradas em alguns vegetais e que promovem o bom funcionamento dos nossos vasos sanguíneos. Essas substâncias são as mesmas que fazem a boa fama dos chás verde e preto e da apresenta uma concentração especialmente catequina, e procianidinas), que ultimamente tem sido apontado como o componente que mais tem efeito na nossa saúde vascular. Podemos dizer que o impulso inicial para a série de estudos desenvolvidos com o cacau nos últimos anos foi a observação na década de 40,e depois na década de 90 de que os índios Kuna habitantes de uma ilha no Caribe Panamenho tinham uma prevalência baixíssima de pressão alta, mesmo entre os idosos. O interessante é que os Kuna têm ingesta diária de sal e padrão de atividade física semelhantes à maioria das populações ocidentais. Chamou muita a atenção dos pesquisadores o hábito dos Kuna de bebe cerca de 5 copos diários de suco de cacau e o fato de que quando eles emigram para a cidade do Panamá, passam a apresentar freqüência alta de hipertensão arterial e doenças do coração
A partir da década de 90 diversos estudos foram realizados para investigar o papel do chocolate sobre a saúde dos nossos vasos. Eis alguns benefícios:
1)Aumento dos níveis de óxido nítrico, considerado um dos principais combustíveis para a saúde dos nossos vasos sanguíneos;
2)redução da agregação das plaquetas, ação que é igual à da aspirina;
3) aumento dos níveis do HDL – nosso colesterol bom – entre outras ações antioxidantes;
4) redução dos marcadores de inflamação (asterosclerose);
5) redução da resistência à insulina, facilitando sua ação nas células;
6)aumento do fluxo sanguíneo periférico (nos membros) e nas artérias do coração;
7) redução da pressão arterial;
8) aumento do fluxo sanguíneo cerebral e/ou atividade neuronal durante uma tarefa cognitiva.
E os efeitos chegam até a pele, com aumento de sua microcirculação sanguínea e maior nível de foto-proteção. Alguns desses efeitos foram alcançados consumo diário. As doses de chocolate variaram bastante (6 a 100g) assim como a dose de flavonóis (100 a 900mg). Mesmo com baixas doses, efeitos positivos foram observados, o que é de extrema relevância, pois é muito por dia em nosso cardápio do ponto de vista calórico. Além disso, os efeitos do chocolates foram demonstrados tanto em indivíduos jovens e saudáveis como entre aqueles com disfunção vascular (ex.: tabagistas, hipertensos, idosos, transplantados do coração). Importante: Vale observar um detalhe muito importante: os populares chocolates ao leite assim como o chocolate branco possuem concentrções de cacau e flavanols muito baixos, e nos estudos realizados até então, não provocaram os efeitos demonstrados pelo “dark chocolate’. Teoricamente quanto mais escuro maior a concentração de cacau e maiores os teores de flavonóis. Entretanto, precisamos ser cautelosos, já que pelo fato dessas substâncias terem sabor amargo, os fabricantes podem reduzir suas concentrações para melhorar o sabor do chocolate. Além disso, um chocolate do chocolate usado para melhorar sua consistência, aparência e para reduzir o sabor amargo, além de escurecer o chocolate, concentração dessas preciosas substâncias, é difícil saber ao certo o que um chocolate amargo realmente pode nos oferecer. Os fabricantes de chocolate no Brasil estão apenas acordando para a grande oportunidade que é a comercialização de chocolates com alto teor se o chocolate tem 70, 80 ou 90% de cacau. É muito bom conhecer os benefícios à saúde que o chocolate pode nos proporcionar, mas certamente o que nos faz consumi-lo com tanto prazer vai além de uma escolha consciente. O chocolate é um alimento que concentra propriedades que fazem nosso cérebro apaixonar-se facilmente por ele. É um alimento com alto teor de carboidrato e gordura, com grande poder de estimular nosso sistema nervoso central SNC relacionados ao prazer e à recompensa. Contém ainda farta concentração de substâncias chamadas de aminas biogênicas tiramina), que também têm alto poder de estimular nossos centros de recompensa assim como a liberação de neurotransmissores, como possui outras substâncias que podem estar associadas ao prazer: triptofano que é precursor do neurotransmissor serotonina e a anadamida. O chocolate ainda faz com que nossa anadamida provocações neuroquímicas podem explicar os efeitos afrodisíacos relatados por alguns, tendo Giacomo Casanova, o famoso conquistador de mulheres, seu maior garoto propaganda. Ainda são necessários estudos que avaliem o chocolate a longo prazo e nesta década promete muito nesse sentido. Hoje em dia, o consumo de pelo menos cinco porções de frutas e vegetais é uma recomendação médica universal e inequívoca. Pode ser que cheguemos ao ponto de haver também uma sendo o chocolate um grande candidato para compor o cardápio. Nesse caso, não será muito sacrifício de nossa parte unir o útil ao agradável.


Por dr. ricardo em icbneuro.com.br

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